Eram seis, e mais um estava visivelmente a caminho. A mais nova começava a andar. O mais velho teria no mínimo sete anos. Dois pareciam ser gêmeos.
A mãe segurava a mão da pequena, que não ficava quieta, queria andar, ou quase... Estava aprendendo ainda.
Os outros se amontoavam na calçada, sentados, pareciam uma escadinha, quase da mesma idade...
O pai ia comprar cigarros, quando um deles disse:
- Pai, traz pirulito?
Ao que o pai respondeu:
-Quer ficar diabético?!
E eles ficaram ali, com uma certa desolação nos olhos... Sujos, mal cuidados, com os cabelos despenteados...
A mãe para lá e para cá com a pequena...
As pessoas que passavam pela rua a olhavam e inevitavelmente pensavam: "mais um!". Ela retribuia os olhares e dava um sorriso tímido.
Uma conhecida se aproximou:
-"Tais" grávida de novo mulher?!
Ela se limitou a balançar a cabeça e abaixar os olhos...
A outra insistiu:
-Mas dessa vez tu opera né?!
Sem graça, e ainda de cabeça baixa, ela balançou novamente a cabeça.
A essa altura, as crianças cercavas as duas, curiosas. A conhecida ia embora, após o curto diálogo, cuidar de seus afazeres. As crianças puzeram-se em coro:
-Tchau tia! Tchau tia!
Enquanto a mãe permanecia ali, parada, constrangida...
O pai, voltava, com um cigarro na boca e pirulitos para os meninos. Tornariam-se todos diabéticos então...
Foram-se embora, enquanto eu os observava ali: pobre e rica!
Marina Castro